quinta-feira, 15 de maio de 2014

GRS Custom Guitars - Guitarras pra guitarristas de verdade - Parte 1

Respeitável público...


Novamente, desculpem a demora para esse novo post. 

Desculpem também o corte da sequencia dos post sobre o Mr. Beck, mas hoje vou falar sobre uma das coisas mais bacanas, em se tratando de guitarras nacionais, que vem ocorrendo no cenário das 'Custom Guitars Brasileiras': A GRS Custom Guitars do grande Vander Pinesso.

[Sem dúvidas, é Ela]
Praticamente todo guitarrista tem o desejo de possuir uma guitarra customizada, cheia de 'pra que isso', com madeira X, braço em Y, captação foda, ferragens japonesas e toda aquela "necessidade" que a gente sabe que precisa.

Aí, colocamos o desejo na ponta do lápis e o preço da guitarra vai lá pra casa do cheque especial.



Pois é, mas porque é tão caro...?


Existem mil motivos pra ser caro, madeira, captação, mão de obra... E acima de tudo o "Imposto de Luxo"
Imposto de Luxo...Claro! Se você quer uma guitarra do jeito que você quer, mesmo que seja uma telecaster simples, esse "desejo específico" custa caro, porém, na grande maioria dos casos, sem necessidade.



E as GRS....?


No caso das GRS, A guitarra é tratada como tal e não como um devaneio cheio de ilusões. Tudo pode se encaixar dentro do seu orçamento, e o "Imposto de Luxo" só existe se você quiser. Pra entender melhor isso tudo, vou contar a história de como conheci o Vander Pinesso e suas GRS Custom Guitars.



Desembucha....

[Guitarras... Guitarras... Guitarras...]
Já tive um monte de guitarra, algumas me arrependi de passar pra frente, outras só um pouco. 
Minha primeira guitarra, que possuo até hoje, foi uma 'Golden Les Paul' que peguei emprestado do meu Tio HD e nunca mais devolvi.
Depois tive uma Fernandes Stratocaster de 1998 (Essa dói até hoje, mas passei pra frente por um bom motivo), daí pra frente tive um bocado. 
Fazendo uma lista cronológica até 2011 a ordem foi mais ou menos essa:

* Guitarra - Fabricação aprox. - Pais de Origem

* Golden Les Paul  - 1985 - Brasil
* Fernandes Strato - 1998 - Japão
* Squier Telecaster- 1999 - China
* Tagima Strato 635- 2001 - Brasil/Coreia
* OLP Axis Custom  - 2003 - China
* Cort Strato G260 - 2001 - Coreia
* Epiphone Dot 335 - 1998 - Coreia
* Giannini Strato  - 1974 - Brasil
* Condor JC200     - 2006 - Brasil/China


Não é muita coisa, mas deu pra transitar entre alguns timbres e cores interessantes. Já tive guitarra com uma boa leva de madeiras e variados captadores. Os pontos altos dessa lista, sem dúvida são a Fernandes, Epi 335, OLP e a Giannini(com EMG DG). Já os pontos baixos são a Tagima (não sei como alguém ainda compra essa bomba) e coitada da Golden.



Beleza, mas até agora nada de GRS...


Pois bem, mesmo tendo uma boa leva de guitarras, a guitarra que mais me atraia era a Telecaster. Sempre ouvia aqueles timbres matadores de Tele e aquilo me atraía muito. Porém, nunca, repito nunca havia conseguido tocar em uma Telecaster tradicional descente. Tive uma experiência com uma Fender Custom 72 com dois humbuckers, o que foi muito bom, mas convenhamos, não é exatamente uma tele.

Telecaster é uma guitarra fácil, mas ao mesmo tempo difícil. As vezes, pequenas mudanças mudam muito o seu timbre, e Telecaster, ou é foda ou é um lixo.

Todas as Fender Telecaster Mexicanas que toquei eram um lixo, repito, um lixo. Os captadores tinham um ruído excessivo, as cordas não passavam pelo através do corpo, ferragens horríveis e um som completamente morto.

[Essa moça mudou minha vida]
Comecei a ficar frustrado, achando que pra ter uma telecaster descente teria que pedir empréstimo a um agiota e pagar uma parte com meu rim. Tive certeza da frustração quando toquei em uma Fender Telecaster American Deluxe com tudo do bom e do melhor. A guitarra se encaixava em mim como uma luva em timbre, trastes, pegada, afinação, e ainda tinha os frisos no corpo! Caralho, tudo dessa guitarra era perfeito, menos o preço, é claro.



Comecei a buscar sobre 'Custom Guitars Brasileiras', daí vieram Zaganin, Music Maker, Elifas Santana, Walczak, etc...


[Haja dinheiro....]
A ideia era fazer 'A Telecaster' dentro do orçamento. E tinha que ser nacional! E-mail pra cá, e-mail pra lá, resposta de um, sem resposta de outro... E daqueles que me respondiam, o tal do imposto de luxo era absurdo. Era melhor eu comprar uma Fender pelo Ebay e pagar os impostos.

Além disso, a maioria dos vídeos (hoje ninguém vive sem um vídeo) só mostra o 'cabra' tocando nessas guitarras algum tipo de metal ou um timbre limpo cheio de chorus e delay



Puta merda, eu só queria uma Telecaster simples!!!


[Agora sim... GRS Custom]
Até que um dia pingou um vídeo no YouTube de um caboclo tocando uma Telecaster Antigua linda. E o cabra ainda estava tocando blues, sem efeito, só guitarra, caixa e reverb. Aquela guitarra era feita pra um guitarrista de verdade, feita pra um cara que toca na noite, grava... Era uma guitarra feita pra sair de casa, não uma guitarra pra ficar guardada no quarto.

Pela gravação feita pelo celular, deu pra perceber que a guitarra era boa, bem equilibrada e bem feita. Procurei mais sobre as GRS Custom e vi mais um monte de guitarras. Descobri que existia um site. Entrei lá e chapei!
Pensei então: -Porque não?


Não achava meio de contactar o tal do GRS. Mas no site tinha o telefone dele. Arrisquei, liguei e tudo começou.

Comecei a dialogar com o Vander (o tal GRS) e falei pra ele da guitarra que queria e como queria o timbre, as ferragens e tudo mais.

[Schecter Tele]
Um dos meus ideais de Telecaster era, como um fã assumido do Mark Knopfler, a Schecter Telecaster vermelha usada em 'Walk Of Life' (Essa aí da foto). Com algumas modificações para o meu gosto pessoal, mas tinha que ter o binding e matching headstock, fato!

Nas minhas "melhorias" queria o seguinte:

Corpo: Alder ou Ash
Braço: Maple/RoseWood com raio de 9.15"
Ferragens: Wilkinson (ponte vintage ferrosa)
Nut: GraphTech
Captação: Little 59 na ponte e um 59 no braço
Extras: Series/Paralell/Split em ambos os captadores
Trastes: Dunlop 6100


Aconteceu que ele disse que pro timbre que eu queria, ele mudaria algumas coisas e que ele faria acontecer com menos detalhes. Em resumo, ali eu percebi que 80% dos guitarristas que procuram algo 'custom', inventam muita moda.

Pra começar ele disse: -Cordas passando através do corpo né! Só faço assim. Teles com cordas presas só na ponte é seboso! Você gosta de Ash? Vamos fazer o corpo de Cerejeira? Além de ser mais estável, o timbre é quase igual e fica muito vintage.



Cerejeira??? Que diabos é isso...?


Pois é caro amigo, me fiz a mesma pergunta. Então o Vander me disse: - Cara, todo mundo fica de cara com o timbre dessa madeira, pode confiar. Gosta de Fender boa? Esse é o timbre!
Então ele me mandou a seguinte configuração:

Corpo: Cerejeira (1 peça)
Braço: Marfim/Jacarandá do Cerrado, raio de 9.15"
Ferragens: Ponte Wilkinson e tarrachas Gotoh vintage
Nut: GraphTech Tusq
Captação: Seymour Hot-Stack na ponte e um 59 no braço
Extras: Split do humbucker do braço
Cores: Fiesta Red com matching headstock e frisos brancos.
Trastes: Dunlop 6100

[Ela, a moça]
Sem eu perceber, ele me mostrou que nem tudo o que parece na verdade é, e que eu estava cheio de paranoia. Que eu nunca iria ter um timbre perto do vintage numa tele com dois SD 59.

O Vander tratou uma telecaster como deveria, isto é, tratou como uma telecaster. Não é porque eu quis mudar alguma coisa que o valor da guitarra deveria subir lá pras nuvens. Vai orçar uma guitarra lá com os Hippies Paranaenses e muda uma coisinha só pra você ver...

O Sr. Vander me garantiu que meus anseios estariam supridos com essa tele, isto é, som de ponte com bastante twang e de braço soando como uma Gibson LP, e se splitar o cap, fica quase como uma strato. Que eu podia descer a lenha nela que ela não iria desafinar.



E ai...? Como chegou...?

Cara, Telecaster é, como eu disse, uma guitarra que parece fácil, mas não é. A construção é simples, mas o equilíbrio sonoro de uma tele é dificílimo de achar. Esperei cerca de 25 dias pra guitarra chegar na minha casa.


E chegou pra me matar do coração!

E ainda chegou afinada! Liguei ela direto em um Giannini Classic T valvulado (Similar a um Fender Blues Jr.) e chapei!

A guitarra não só era linda, como tinha um timbre matador. O equilíbrio entre os captadores era incrível. Todos os timbres estavam lá, na cara. O braço sensacional, um dos melhores que já toquei até hoje. Com o controle de tonalidade fechadinho, parecia uma Jazz Box. O Som limpo era incrível, o humbucker do braço 'splitado' deixava o timbre lindo pra bases e solos à la SRV.

[Ela, agora com novo captador]
Quando liguei os pedais, tirei timbre de tudo que podia. Com drive, todo o timbre de telecaster saturado que desejei estava lá. Me lembrei da Fender American Deluxe que havia testado e tudo dela estava nessa GRS.

Fiz um show com ela no dia seguinte e, felizmente, um monte de amigos e inimigos guitarristas estavam lá. Todos eles piraram na guitarra e ficaram falando da nova magia da Cerejeira e de como era linda essa guitarra cor de Pitanga.


Como guitarrista agoniado que sou, tratei logo de substituir o SD 59 do braço por um Dimarzio King Twang. Reduzi os pots de 500k para 250k. Desafiei a guitarra com essa configuração e ela me deu um tapa na cara. O som da madeira apareceu muito mais e hoje está em sua configuração definitiva. Mas sei que posso colocar qualquer captador nela que ela ai soar excelente! O DNA dela está lá!



Beleza, mas e o preço...?


[GRS Les Paul Gold Top]
Não vou falar, mas saiu mais barata que uma Fender Mexicana, e com mil vezes mais timbre. A melhor custo benefício das 'Custom Shop' nacionais. Digo isso porque tenho amigos com guitarras custom nacionais e já toquei em todas elas.





Falando mais do Vander Pinesso e das GRS Custom



Vejam a variedade de guitarras que ele faz. Não só ele, pois tem, como ele mesmo diz, os guris Pedro e Gabriel que são os pupilos dele e mandam muito bem. As Les Pauls dele são incríveis, muito melhores que as Epiphones. O cara faz tudo que você quiser e com o preço justo


[Tele Mogno Bigsby]
Por isso eu digo que são guitarras feitas pra guitarristas de verdade. Pois são guitarras que timbram maravilhosamente bem, são muito bem construídas, aguentam porrada, seguram a afinação, são feitas sob medida e o preço é totalmente acessível.

É muito melhor do que comprar uma guitarra de loja com potencial e adaptá-la para seu gosto pessoal. Esse processo muitas vezes é muito custoso e lento. 

Aqui não, é tudo na bucha!







Então é muita vantagem....


[Strato fraca]
É sim senhor! Poxa, você escolhe tudo! E o Vander ainda te orienta pra você ter o timbre que você quer por um caminho alternativo

E não tem essa de que eu não posso enviar nada pra ele, que só compra de fornecedor X ou Y... Se você tiver um set de captadores sem guitarra, manda pra ele que ele faz uma guitarra pra eles. Se você quiser mandar tudo pra ele fazer a parte da madeira, ele é o cara.


O gosto é do freguês!


Creio que a maioria dos guitarristas que buscam uma custom shop querem guitarras inspiradas nos seus ídolos. Lógico que uma boa parcela quer uma guitarra que atenda seus anseios e necessidades, mas eu acredito, talvez por ser o meu caso, que ter uma guitarra "igual" à do seu ídolo é o grande barato.



Considerações "quase" finais...


Pense assim: Quero uma stratocaster preta igual a do David Gilmour. Aí você gasta tempo e bastante dinheiro comprando uma Fender Mexicana nova ou usada preta com o braço em maple. Depois você troca os captadores, troca o escudo branco pelo preto e ainda por cima o verniz do braço não é amarelado, aí você leva a guitarra pro luthier trocar o verniz. 
Pronto, agora tá igual! Mas e o valor empregado nessa aventura valeu a pena?



E a tua Teleca...?


Pois é... Então, antes da parte 2 desse post, segue um videozinho demonstrativo da minha GRS Custom Telacaster
[GRS Custom Special Red Tele]



No próximo post, vou falar da minha outra GRS, uma 'GRS Pensa Suhr'



Abraço e até logo!